segunda-feira, 27 de maio de 2013

São Paulo supera Rio em queixas de estupro

 Capital paulista teve, no primeiro trimestre deste ano, 7,7 casos por 100 mil habitantes  




Com a recente alta nos registros de estupros, a capital paulista superou a cidade do Rio de Janeiro nesse item. Palco de casos de grande repercussão, como o da turista americana violentada em um lotação em março, a capital fluminense teve, no primeiro trimestre, uma taxa de 6,95 queixas de  abusos por 100 mil habitantes. Na cidade de São Paulo, o índice  no período foi maior: 7,70.


Nos três primeiros meses do ano passado, a taxa do Rio era superior à da capital paulista: 8,62 ante 6,11. De um ano para cá,  o Rio reduziu o número de queixas de 545 para 439 (baixa de 19%), enquanto, em São Paulo, o total de registros passou de 688 para 867 (alta de 26%).

Gabriela Pavez, professora da PUC especializada em violência contra a mulher, aponta que o alto número de casos nas metrópoles tem fundo cultural. “O corpo da mulher é visto por muitos homens como um objeto a ser usado”, diz. “São necessárias ações contra isso desde a escola. É preciso também informar. Toda mulher deve saber que, em caso de abuso, pode ir ao sistema público de saúde e à delegacia. E tem de ser bem recebida.”

Especialistas dizem ainda que parte da alta em São Paulo pode significar uma maior disposição em dar queixa. Dulce Xavier, da ONG Entre Nós, afirma que, feita a denúncia, a investigação deve ser exemplar. “É preciso uma apuração vigorosa, para que não haja impunidade e outras mulheres, mesmo fragilizadas pelo crime, tenham força para denunciar.”

Em 2013, as delegacias da mulher na capital efetuaram 39 prisões em flagrante e 81 por mandado. Outros DPs também apuram estupros. Na quinta-feira, investigadores do 2 DP (Bom Retiro) capturaram um suspeito de violentar uma psicóloga que teve o carro quebrado na Marginal Tietê.


Maior parte dos agressores é parente ou conhecido da vítima


Responsável por comandar investigações sobre abusos no Centro, a delegada Celi Carlota, da 1 DDM (Delegacia da Mulher), afirma que a maioria dos estupradores são parentes ou conhecidos das vítimas. “Principalmente nos casos que envolvem crianças”, diz. “Em geral, eles violentam as vítimas em casa.”

Já os estupradores de rua, diz Celi, usam artimanhas. “Costumam oferecer emprego, principalmente como modelo.”  Ela diz que, em bares, mulheres devem ficar atentas às bebidas, para não caírem no golpe Boa Noite Cinderela (em que o criminoso usa sonífero para abusar da vítima).

A delegada diz que boa parte dos criminosos não têm antecedentes. “Mas costumam atacar mais de uma vez.” Celi diz que é importante que a denúncia seja feita logo. “Ajuda a investigação e a elaboração do retrato falado.”

Para reduzir os abusos, a polícia pretende intensificar o combate às drogas. O estuprador que atacou a psicóloga na marginal, por exemplo, disse ter usado crack. No Rio, o governo usa unidades móveis da Delegacia da Mulher.


Fonte: Diário de São Paulo

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